IFMA – Servidores debatem como abordar o uso de drogas com alunos

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Um dia de capacitação para orientar servidores técnicos e docentes do IFMA a desenvolverem a abordagem com os estudantes dos diversos campi sobre um dos temas mais debatidos atualmente: as formas de prevenir e combater o consumo de drogas entre os jovens. O treinamento ocorreu no dia 20 (segunda-feira), no Campus Centro Histórico, e foi organizado em parceria da Pró-reitoria de Extensão (PROEXT) com as diretorias sistêmicas de Assistência ao Educando (DAE), de Difusão Artístico-Cultural, Desporto e Lazer (DDACDL) e de Direitos Humanos e Inclusão Social (DHIS).

De acordo com Thais Brito, assistente em administração da DAE, a iniciativa de capacitar os servidores originou-se a partir da implantação, em 2016, do Plano de Combate e Prevenção ao Uso de Drogas (PIPD) do IFMA, o qual busca atuar diretamente com o corpo discente. A capacitação objetivou preparar os servidores para essa atuação, pois muitos não teriam qualquer experiência em lidar com o assunto dos entorpecentes. Durante a manhã, os participantes assistiram a palestras com o psiquiatra Ruy Palhano (Prevenção do uso de drogas ao alcance de todos) e a assistente social Selma Marques (Aspectos sociais do uso de substâncias psicoativas e particularidades no campo educacional), ambos professores da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).

“A discussão da problemática das drogas tem que ser feita no ambiente escolar”, disse Cristiane Coelho Maia Lago, promotora de justiça do Tribunal do Júri de São Luís, ao iniciar a programação vespertina. Ela ressaltou que os estudantes, como potencial público-alvo de traficantes, podem rejeitar ou retardar o uso de drogas ao disporem de informações sobre o tema. A promotora chamou a atenção para a necessidade de fazer vigorar efetivamente a Lei nº 10.302/2015, que estabelece diretrizes para a criação do Conselho Escolar Antidrogas em todos os estabelecimentos de ensino médio (públicos e particulares) do Maranhão, com o objetivo de executar atividades educativas de prevenção e combate ao consumo de entorpecentes, bebidas alcoólicas e tabaco. Durante a capacitação com servidores do Instituto, Cristiane Lago apresentou a concepção do projeto “Quem escolhe seu caminho? Você ou as drogas?”, realizado pelo Ministério Público Estadual (MPE) em parceria com a Biblioteca Pública Benedito Leite (BPBL).

Erisson Souza, coordenador da Rede Maranhense de Diálogos sobre Drogas (REMADD) e membro do Conselho Municipal Antidrogas de São Luís, levou aos participantes o relato de ter vivido a realidade de um usuário de entorpecentes, antes de seguir a militância na causa da prevenção e combate às drogas, envolvendo os quatro municípios da Região Metropolitana de São Luís. O palestrante informou que é alta a incidência do uso de drogas nas escolas dessas cidades, principalmente em áreas de vulnerabilidade social, e que parte dos casos é resultado da falta de diálogo com os jovens no ambiente familiar.

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O conselheiro explicou que a REMADD tem o objetivo de identificar e visibilizar para a sociedade as instituições que atuam na prevenção, cuidado, tratamento e no combate às drogas. “Temos o entendimento de que as políticas públicas sobre drogas no Maranhão estão muito aquém do que precisamos”, disse Erisson Souza, argumentando que ainda assim reconhece o esforço de instituições e atores sociais, inclusive do poder público, para criar e participar de ações nas escolas e comunidades, o que requer a maior integração em rede. Ele destacou a iniciativa do IFMA de levar o diálogo aos estudantes sobre a questão das drogas na sociedade, que pode ser projetada em outras ações.

“Cultura é uma palavra muito abrangente, e trabalha também os comportamentos biopsicossociais e os paradigmas que o mundo vem enfrentando”, disse a diretora Mayara Karla da Anunciação (DDACDL), destacando que as atividades envolvidas pela pasta – esporte, cultura, arte e lazer – constituem alternativas estratégicas a uma questão complexa como a prevenção ao uso de drogas. Para apoiar iniciativas nesse sentido, Rosa-Lima Duailibe (PROEXT) informou que a pró-reitoria lançou o Edital nº 03/2016, de fluxo contínuo, que aceita a inscrição de projetos destinados a desenvolver ações preventivas e de combate às drogas em comunidades.

Participantes

CCHIST (1)A assistente social Nilma da Silva Rego, do Campus São João dos Patos, destacou os esclarecimentos compartilhados pelos palestrantes com o público, em torno das políticas públicas voltadas às questões das drogas no Maranhão e no Brasil. Segundo a servidora, os conhecimentos adquiridos pelos participantes poderão ser contextualizados e aplicados à realidade de cada campus do IFMA. Chefe do Núcleo de Assistência ao Educando (NAE), Nilma Rego informou que o Campus São João dos Patos se encontra em fase de aplicação de questionário com os estudantes, a fim de sondar a realidade do corpo discente, e com base nos resultados será posteriormente elaborado um projeto com as estratégias para trabalhar a questão da prevenção às drogas.

“O Campus trabalhava de forma pontual, com uma ou outra palestra, e agora vamos fazer de fato um trabalho planejado”, disse a assistente social, que compõe a comissão multiprofissional encarregada de incluir no calendário acadêmico a programação anual de atividades envolvendo a temática das drogas. Ainda sobre a oficina, Nilma Rego considerou que muitos servidores designados a desenvolver um projeto com determinado objetivo não se sentem preparados para essa tarefa, e a capacitação vai orientar e contribuir com a articulação de diferentes segmentos dos campi em um trabalho integrado.

CCHIST (5)O coordenador do curso de Piscicultura no Campus Maracanã, Weverson Scarpini Almagro, ponderou que a questão das drogas impacta os estabelecimentos das redes de ensino público e particular, e as medidas de punir alunos usuários não adiantam sem que se conheçam as causas do alcoolismo ou do uso de drogas ilícitas. Sobre a capacitação, o professor ressaltou que foram tratadas tanto questões técnicas (legislação, efeitos das drogas, locais e formas de tratamento, dentre outros) quanto sociais (aspectos socioeconômicos, familiares ou psicológicos de dependentes e potenciais usuários).

“Temos a obrigação de adquirir conhecimento para fazer a abordagem com alunos, pais e professores”, disse Weverson Almagro, considerando diferentes públicos que devem ser envolvidos no debate sobre a incidência do uso de drogas entre estudantes, bem como na identificação e aplicação de medidas de prevenção e combate. A motivação do professor para participar da capacitação foi justamente compreender como pode abordar os alunos em relação a esse tema, na perspectiva da cidadania.

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