O subtenente Mardônio Aguiar Costa, que desabafou sobre a onda de mortes de policiais no Ceará, em entrevista ao programa Barra Pesada, da TV Jangadeiro/SBT, foi advertido pela Polícia Militar por falar publicamente sem autorização da corporação. A informação foi confirmada ao Tribuna do Ceará pela Associação de Cabos e Soldados.
Na entrevista, o militar, que já atua na profissão há 30 anos, admitiu estar cansado de enterrar colegas de trabalho. A declaração foi dada após enterro do soldado do Ronda de Ações Intensivas e Ostensivas (Raio), cuja morte aconteceu no último dia 12, ao reagir a assalto em Fortaleza.
De acordo com o presidente da Associação, sargento Eliziano Queiroz, o subtenente foi convocado a comparecer ao Comando Geral da Polícia Militar do Ceará, na última terça-feira (16). O objetivo seria explicar a entrevista, que já conta com mais de 2 milhões de visualizações.
“Ele foi orientado a pedir autorização da assessoria da Polícia Militar para toda e qualquer entrevista que for dar. O vídeo teve repercussão nacional. E nós, da Associação, nos preocupamos e oferecemos assessoria jurídica”.
O subtenente Mardônio, que não sofreu sanção disciplinar, foi advertido e avisado de que existem diretrizes na Polícia Militar, devendo informar a data, o local, o horário e o assunto quando houver uma nova entrevista. Para o presidente, expressar um sentimento em uma entrevista é algo normal na corporação. “Isso hoje é normal, contanto que seja imparcial e relate sempre a verdade”.
Segundo nota divulgada pela Associação de Cabos e Soldados, a atitude do Comando Geral da Polícia Militar desrespeita o artigo 5º, inciso IV da Constituição Federal de 1988.
“O artigo determina a livre manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato. O subtenente Mardônio, que na sua fala não fez críticas ao comando da corporação, só falou algumas verdades sobre o sistema de segurança pública do Brasil”, disse a nota.
Fonte: Tribuna do Ceará